quarta-feira, 31 de março de 2010

DERIVA

Nas sombras noturnas, às margens do tempo,
confuso me entrego à saudade e às lembranças.
Misturam-se os fatos; recordo a confiança
na mútua afeição transmudada em alento.

Sozinho, hoje vivo a tristeza que assumo,
cortando a cidade, vivendo nas ruas,
perdido em mim mesmo, sentindo a alma nua,
refém de um amor hoje exangue, sem rumo.

Regrado no choro profundo e sem freios,
abrigo a certeza de um sonho acabado,
das ânsias sem volta, de um grito sem voz.

Sou nada no agora, perdi meus esteios;
lançado à deriva me vejo embarcado
na nau da tragédia, do caos mais atroz!


(Do Livro BAÚ DE VOZES, no prelo)

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