quinta-feira, 3 de setembro de 2009

MINHA SORTE

O mar revolto explode nos rochedos,
deita na praia em ondas vigorosas;
nos escuros, imagens curiosas
pressagiam futuro de arremedos.

Sozinho, ao deus-dará, piso na areia;
O vento me castiga, eu me angustio;
ao passo a passo, entrego-me erradio,
rumo a qualquer lugar desta epopeia.

O passado foi vida, virou cinza.
Sobraram restos, troços, vozes nuas,
frases picadas, simples, sem valor.

O presente é o agora - e ele é ranzinza -;
envolto à maresia pelas ruas,
A sorte que me acena é sentir dor!


ANDANDO À-TOA


Sei lá da sorte tola que procuro,
beijando o tempo vago como um bem
que em verdade inexiste e não sustém
tudo aquilo que anseio aquém do muro.

Aqui, sob os escuros do desejo,
entregue à míngua nua de meu sonho,
acordo à realidade: não me imponho
ao carrossel pujante do que almejo.

Andando à-toa, à margem do destino,
posto à prova madura do abandono,
imaginar o quê diante do nada?

Sobre musgosa trilha, em desatino,
vou-me assim, sem defesa, rumo ou dono,
domando a vida insana e estabanada.
                                                                             (21.09.09)



Nenhum comentário:

Postar um comentário