segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DO LIVRO "BAÚ DE VOZES", no prelo:

ARQUIVOS TUMBAIS


Há cheiro de mar na odisseia que enfrento,
ao lado das ondas bravias que assustam.
Transmuda o poeta, levando seus passos
às praias da infância, hoje tão distanciadas.

Um vento rasteiro sacode a folhagem,
constrói redemoinho, se alteia e me entrega
mensagens de longe falando de amor
- enlevo que atiça as lembranças mais puras.

A convicção de que tudo passou
traduz o desprezo e a mudez de minha alma,
pois ouço, sem dúvida, o canto dos cisnes.

Prazeres antigos, amores e sonhos
agora são cinzas, eventos extintos,
arquivos tumbais! Nunca mais! Nunca mais!


A VIDA FLUIRÁ

Manhã carregada. São nuvens cinzentas
toldando as ideias, os versos, as rimas,
compondo cenário de fontes antigas,
traçado em matrizes de amores extintos.


Alheios às horas, os passos afundam
na areia macia da praia silente.
A voz solitária que solto ao relento
murmura canções carregadas de história.


Revela-se o mundo das recordações,
levando a memória aos confins de um passado
deixado ao rigor das paixões mais sublimes.


Meus olhos se atiram aos longevos instantes;
minha alma deambula no átrio do ocaso.
A vida, qual éter, em breve fluirá.

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