sexta-feira, 19 de novembro de 2010

POESIAS RECENTES (DO LIVRO "BAÚ DE VOZES", no prelo)

AMOR DO OLIMPO


Desejo uma mulher que eu nunca traia,
que me faça feliz em qualquer leito
e que atenda a lascívia de meu pleito,
vivendo solta ao farfalhar da saia.


Essa mulher existe; porém, onde?
Assim, faço-me em busca noite e dia,
enfrento o abismo nu da rebeldia,
pois sei que num lugar ela se esconde!

Na aventura sem peias, ganho espaço,
sabendo que esse tipo de mulher
seja pedra mui rara no garimpo.


De prova em prova, atiro-me ao regaço
da que presumo a flor do bem-me-quer,
até que encontre logo o amor do Olimpo!



COSTUMES, TRATADOS

Sucedem-se etapas, estágios do tempo,
rodízios e ciclos, abelhas e rios,
vulcões, tantas vezes manhãs, noites, dias,
enquanto me entrego à oração do viver.

Os muros progridem, se alteiam, são óbices
que teimam em crescer sem dar tréguas ao pas-so,

colhendo a visão em flagrantes surpresas,
podando a emoção do prazer de seguir!

Atendo, sim, regras sociais, visões curtas,
preceitos estéreis de verbos sem base,
à voz milenar atendida sem gosto.

Há muito conflito plantado ao redor;
as víboras vencem ao lado da gente,
morando em costumes, morando em tratados!



LUTA E HIPOCRISIA

Ah, povos titulares da miséria,
entregues às desditas milenares,
ao jugo de comandos criminosos:
até quando seremos desespero?

A praga dominante faz vigília;
a Justiça que entrega é vinditosa,
o Amor que prolifera é engodatório
e o senso democrático inexiste.

No calabouço, os ais rendem lamúrias,
sob a vergasta rude da tortura,
visando cemitérios clandestinos.

O interesse econômico dos livres,
silencia perante tais barbáries,
mostrando o lado hipócrita da luta!



SEUS MALES

Há muitos desejos morando nos breus.
As noites revelam verdades estranhas
nas ruas silentes de agouros e entranhas,
suspeitos avisos de males só seus.


As ásperas mãos gesticulam nervosas,
são palmas e dedos temendo o invisível,
mostrando à consciência que o sonho mais crível
às vezes não passa de engulhos e prosa!

Seu verbo hoje dorme no pó do alfarrábio;
os músculos deitam na paz sedentária;
é o silvo do agouro a canção que lhe ronda.

A voz de socorro se queda no lábio;
inútil a crença na luz milenária;
abraça-o, com força, a faminta anaconda!


                                                                    

Nenhum comentário:

Postar um comentário